“CLAUDIA traz louros da GRECIA,
como lhe compete...”
E Claudia trará louros da Grécia
(que é mesmo o lugar onde se deve colhê-los). Fez vencedora a canção de Paulo e
Marcos Vale na IV Olimpiada da Canção daquele país, Minha Voz Virá do Sul da
América. E como se tal proza fosse pouca, tambem ganhou o primeiro lugar, como
interprete.
Desde que vi Claudia sentada no
banco dos réus daquele programa Quem Tem Mêdo da Verdade, em que foi acusada de
falta de gosto total: no cantar, no repertório, no vestir, gostei do seu jeito
encolhido e medroso de gatinho de telhado. Mas suas respostas foram nítidas e
não demonstraram nenhum medo. Havia uma dignidade, talvez desconhecida dela
propria, em sua maneira de se manter calma, sentada, poucas vezes sorrindo,
ouvindo as provocações. E quando lhe pediram que cantasse, foi a primeira vez
que eu propria a ouvi cantar. Parece que, até então, algumas emissoras estariam
de marcação com ela. Ouvindo sua voz se desdobrar em meio ao cerco hostil do
júri, vi que a menina tinha a garra. Depois, a moça cantou em muitos programas.
E o público sempre sente o recado que ela manda. Só em sua terra é que ela não
mereceu premio. Foi minha candidata para o Disco do Mês Excelsior, mas meus
colegas achavam que o Jesus Cristo de Maria Bethania era melhor, embora o
proprio autor, Roberto Carlos, achasse a interpretação de Claudia superior à de
seu criador... Vi, tambem, que a moça era uma artista, uma profissional de
gabarito e não uma amadora como essas fugidas atrizes que surgem e desaparecem
nos céus das emissoras, quando critiquei seus gestos ao interpretar a canção de
RC. Enquanto a voz era religiosa, o corpo era erótico, não de um Eros de
Amor... E Claudia quando voltou a cantar, mostrou que aceitou a critica. Teve
gestos comedidos, dignos, solenes que rimavam com a melodia. Por toda uma soma
de acontecimentos, incidentes, comportamentos, vitorias, a jovem está indicando
que segue o caminho certo, o que lhe dará um merecido troféu em sua terra,
quando duas vezes já venceu, fora deis...
(Matéria publicada originalmente
no jornal Folha de S.Paulo, 19  de julho
de 1971)


 
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